sábado, 13 de abril de 2013

Césio 137: O maior acidente radioativo do Brasil



Nossa equipe falara sobre a maior tragédia da historia do País e a segunda maior tragédia no mundo. Essa postagem conta toda a historia do  césio 137 e as consequências que repercutem até hoje na vida das vitimas do acidente.
O acidente radioativo mais grave do país de que se tem conhecimento, o vazamento do material radioativo césio 137, em Goiânia, completou 25 anos em setembro do ano passado.
Em 13 de setembro de 1987, dois catadores de lixo de Goiânia deram início ao que seria o segundo maior acidente radioativo do mundo, atrás apenas de Chernobyl, na Ucrânia. Ao arrombarem um aparelho radiológico, encontrado nos escombros de um antigo hospital, expuseram o césio 137, pó branco que emitia um estranho brilho azul quando colocado no escuro. Considerado sobrenatural, o elemento radioativo criado em laboratório passou de mão em mão, contaminando o solo, o ar e centenas de moradores da capital goiana.
Sem saber de nada, os dois homens iniciavam o maior acidente radioativo em área urbana do mundo. Com o passar do tempo os dois sucateiros começaram a passar mal. 
Cinco dias depois, foram até o ferro-velho de Devair Ferreira e venderam a peça. Lá, dois funcionários conseguiram desmontar a cápsula e deixaram os pedaços em uma prateleira. Quando à noite veio, Devair percebeu um brilho azul que vinha da prateleira. Pegou uma parte da cápsula e levou para dentro de casa para mostrar à esposa, Maria Gabriela. 
A partir desse momento, a peça contendo o pó azul que brilhava no escuro, que na verdade era, fragmentos do césio 137, passou a circular entre os parentes e amigos que, impressionados com a novidade, não tinham a menor idéia do perigo que aquele material representava Rapidamente as pessoas que tiveram contato com o misterioso pó, começaram a apresentar alguns sintomas como náuseas, tontura, vômitos e diarreias. Desconfiada a esposa de Devair, Maria Gabriela, levou parte da cápsula até a sede da Vigilância Sanitária. Foi solicitada a presença de um físico para verificar se o material era radioativo. 
No dia 29 de setembro, o físico nuclear Valter Mendes foi até a rua 57, do Setor Aeroporto e constatou que havia fortes índices de radiação na área. Imediatamente ele acionou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e às autoridades governamentais.
Infelizmente já era tarde demais. Ao abrir a cápsula foi lançado no ambiente 19,26 g de cloreto de Césio 137 (CsCl), que por ser higroscópio, absorve a umidade do ar e facilmente adere à roupa, pele e utensílios, contaminando alimentos e o organismo.
Por isso, a radiação atingiu centenas de pessoas, repercutindo no Brasil e no resto do mundo.  Curiosamente, um ano antes, uma explosão no reator da usina nuclear de Chernobyl, na antiga União Soviética, gerou um vazamento que foi o maior desastre nuclear da história,  matando milhares de pessoas e que chocou o mundo.
Ao ser notificada do acontecido, a CNEN determinou que a população fosse examinada. Foi montada uma operação de emergência no Estádio Olímpico que se tornou um centro de triagem. Constatou-se que mais de 112 mil pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo. 129 apresentam contaminação corporal interna e externa, sendo medicadas. Quarenta e nove pessoas foram internadas, sendo que 21 sofreram tratamento intensivo.
No início de outubro, os pacientes mais graves foram transferidos para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Dentre eles estavam  Devair, Maria Gabriela e a menina que se tornou símbolo da tragédia, Leide, que na época tinha seis anos. Ao ser apresentada ao pó brilhante, Leide espalhou césio por todo o corpo e acabou ingerindo a substância.
Infelizmente, Maria Gabriela, Leide e os dois empregados do ferro-velho morreram nos dias seguintes. Ivo, pai de Leide, sofreria de depressão e morreria de efisema pulmonar tempos depois. Devair tornou-se alcoólatra e morreria em 1994. Nos últimos 25 anos, cinquenta e nove pessoas morreram por causa de doenças desenvolvidas pela contaminação. Existem mais de 170 pedidos de indenização na justiça.
E por falar em justiça, os responsáveis pela clínica foram julgados em 1992 e condenados a três anos de prisão em regime semi-aberto. Segundo o extinto Programa Linha Direta, da TV Globo, exibido em 2007, um decreto presidencial anistiou os condenados, libertando-os.
Os trabalhos de descontaminação dos locais afetados produziram 13,4 toneladas de lixo radioativo. O material encontra-se enterrado em uma área na cidade de Abadia de Goiás, perto de Goiânia, devendo ficar enterrado por lá pelos próximos 180 anos.
 O tempo não foi um aliado das vítimas do césio 137. Após 25 anos do maior acidente radioativo do Brasil, as pessoas que tiveram contato direto ou indireto com a cápsula contaminada ainda sofrem. Vivem marcadas pela expectativa sempre presente de desenvolver doenças decorrentes à exposição ou pelo estigma perante à sociedade, nunca superado. 
Ainda hoje, o episódio se faz presente na vida dos acidentados e na memória da cidade. Vinte e cinco anos depois, as vítimas reivindicam assistência médica adequada, ressarcimento financeiro e pesquisa científica sobre as consequências da radiação a longo prazo.

Fontes:

http://www.unificado.com.br/calendario/09/cesio.htm


http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/cesio-137-brilho-morte-435543.shtml


http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1296708&tit=Acidente-radioativo-com-cesio-137-completa-25-anos


http://www.revistabrasileiros.com.br/2012/09/13/cesio-137-para-nao-esquecer/

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